Era um samba-canção interpretado em todas as boates, em cada piano-bar da noite. O disco vendia como água. A todo momento, passando pelas lojas de discos eu ouvia: Diga que já não me quer, Negue que me pertenceu, Que eu mostro a boca molhada, Ainda marcada pelo beijo seu.* Aquele refrão ficava em minha cabeça. Tocava no apartamento de Tania mulher, que morava na praça Marechal Deodoro e que me ligava para levá-la às estreias dos filmes. Havia muitas estreias naquele começo de década de 1960, e eu, crítico de cinema, tinha convite para todas. Não sei como Tania descobria, devia ler no jornal. Ela me ligava: - Amanhã tem estreia. Vamos? - Vamos. Ia buscá-la de táxi. depois do cinema, ela insistia em jantar no Gigetto, então restaurante badalado; Tania gostava de ver arristas, queria que eu apresentasse. Quando eu subia até o apartamento dela, ouvia aquela canção: Diga que meu pranto é covar...